O Ar condicionado e o fim anunciado do gás R22 – o que fazer

Devido a destruição da camada de ozônio pelos gases HCFCs (hidroclorofluorcarbonos), dos quais o R22 faz parte, os países que assinaram o Protocolo de Montreal, incluindo o Brasil, decidiram abolir gradualmente, até 2040, o uso desses gases.

Apesar do prazo parecer longo, a verdade não é bem assim: nos países desenvolvidos, por exemplo, o uso em equipamentos novos está proibido desde 2004, com severas restrições a importação ou aquisição do R22. Nada impede que os países, por acordo, ou individualmente, adiantem esse prazo.

Esse cenário levou a uma redução da produção do R22, encarecendo o preço do produto, o que pode ser visto quando vamos comprar o gás nos fornecedores de refrigeração. Além disso, é crescente a burocracia como a necessidade de estar cadastrado no IBAMA para poder comprar o gás.

Para dar uma noção do tamanho do problema, estima-se que apenas o setor de serviços (manutenção de aparelhos e sistemas) utilize uma média mensal de 900 toneladas. E do total de R22 utilizado no mercado, apenas 10% são recolhidos e reciclados.

Por isso é preciso ter alternativas quando ficar inviável o uso do R22. Traçamos algumas abaixo, que irão lhe facilitar:

 

Ainda dá pra usar o R22 mas cuidado com a qualidade

Que os preços estão gradualmente subindo, percebemos ao comprar o R22. Mas é uma alta de preços que ocorre principalmente entre os produtores de gás refrigerante tradicionais e reconhecidos no mercado.

Por outro lado, vários fabricantes, principalmente da Ásia, percebendo a oportunidade, passaram a oferecer R22 com um preço bastante inferior ao normalmente encontrado.

Embora na Ásia a mão-de-obra realmente custe muito mais barato, o quanto esse preço inferior do R22 pode ser atribuído a esse custo menor ou a falta de qualidade (não atendimentos a especificações como pureza, por exemplo) gera dúvidas.

Cuidado com a qualidade de certos gases R22 comercializados no mercado
Cuidado com a qualidade de certos gases R22 comercializados no mercado

Não estamos dizendo para não usar o R22 desses fornecedores mas, ao aparecerem problemas em equipamentos que foram carregados com R22 “mais barato”, desconfie que pode ser a qualidade do gás.

 

R422d no lugar de R22

É a substituição que gera menos impacto no sistema de refrigeração e no compressor. Isso ocorre porque o R422d tem propriedades muito similares ao R22, permitindo o uso do mesmo compressor, sistema elétrico e óleo lubrificante.

Utilizando o mesmo compressor vai ocorrer uma diminuição da capacidade de refrigeração entre 5 a 15%, dependendo da aplicação. Por outro lado, como a temperatura de descarga do compressor cai, a severidade de funcionamento diminui, o que contribui para aumentar a vida útil do compressor.

Alguns pequenos ajustes precisam ser feitos:

  • No evaporador e condensador não há alterações;
  • Também no capilar nada deve mudar – apesar de ser possível ocorrer uma redução da temperatura de evaporação;
  • Se o sistema utilizar válvula de expansão, podem ser necessários pequenos ajustes no número de voltas;
  • Por fim, a carga de gás deverá ficar entre 85 e 95% da carga original de R22

Essa é a opção número 1 para a substituição do R22.

 

R404A no lugar de R22

Como os equipamentos abastecidos com R22 utilizam óleo mineral na lubrificação e os abastecidos com R404A utilizam óleo poliol-éster, substituir um gás pelo outro obrigatoriamente precisa que seja feita uma limpeza do sistema com o R141b.

Será necessário trocar o compressor que, tem dimensões aproximadas do original, de R22.

A corrente dos equipamentos pode subir ou descer, dependendo do aparelho.

Além disso, alguns ajustes também precisam ser feitos:

  • No evaporador e condensador normalmente não há alterações;
  • No tubo capilar também, normalmente, não há mudança. Se houver, será o aumento do comprimento do capilar de modo a aumentar a restrição de entrada de gás no evaporador;
  • Na válvula de expansão, se for necessário, devem ser feitos alguns ajustes no número de voltas, de forma a atender o desempenho desejado;
  • Já em relação a carga de gás, é comum ocorrer um aumento de até 10% em relação a carga de R22.

 

R134A no lugar de R22

Também é preciso realizar a limpeza do sistema com o R141b devido a incompatibilidade dos tipos de óleos lubrificantes utilizados.

Como ocorre um sensível aumento do deslocamento de gás (cerca de 45%) quando se compara um compressor para R134a e um para R22, dependendo das instalações físicas, pode ser inviável fazer essa substituição pois será necessário trocar o compressor e o de R134a tem dimensões maiores.

Fora a possível limitação física de espaço para o compressor, vários outros ajustes precisam ser feitos:

  • Pode ser necessário aumentar o tamanho do evaporador para ter mais área de troca de calor em aplicações de média e alta temperatura;
  • Necessário alterar o tubo capilar, diminuindo seu diâmetro interno e aumentando o cumprimento
  • Quando se usa válvulas de expansão será necessário trocar o modelo para um que seja compatível com o R134a;
  • A carga de gás normalmente aumenta de 15 a 20% em relação a original.

Como as mudanças para o uso do R134a no lugar de R22 são maiores, na prática poucos equipamentos e instalações devem fazê-la.

 

2 comentários em “O Ar condicionado e o fim anunciado do gás R22 – o que fazer”

  1. António Abel Trabulo Pereira

    Boas, gostava de saber, se possível, se o gás R22, saío do mercado por ser cancegerino.
    Obrigado.

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