A função básica do óleo lubrificante para compressores é diminuir o atrito entre as partes móveis e as fixas, evitando o desgaste prematuro das peças e um aquecimento excessivo. A lubrificação permanecerá satisfatória por um longo período desde que a temperatura de operação, pressão e ausência de substâncias contaminantes esteja assegurada.
É importante lembrar que o óleo lubrificante se mistura ao gás refrigerante, circulando pelos componentes do ciclo de refrigeração. Essa característica é tão típica que uma forma comum de detectar onde há um vazamento no sistema é identificar onde existe óleo nele.
Um bom projeto de aparelho deve permitir o retorno para o compressor da mesma quantidade que está saindo.
Os óleos lubrificantes para compressores têm características especiais, discutidas abaixo:
- Viscosidade: ela diminui com a elevação da temperatura. O óleo deve ter uma característica que permite a ele, quando submetido à altas temperaturas, que não afine demais sem formar uma camada protetora. Já quando submetido a baixas temperaturas, ele não deve ficar pastoso;
- Miscibilidade: a viscosidade do lubrificante diminui à medida em que aumenta sua solubilidade com o gás refrigerante. A completa miscibilidade permite ao lubrificante fluir através do sistema junto ao gás, garantindo bom retorno ao compressor.
- Resíduo de carbono: os óleos são passíveis de decomposição através de calor. Portanto, ao se especificar um óleo deve-se ter em conta as temperaturas normais de trabalho do compressor para evitar a carbonização do óleo, principalmente na placa de válvulas. Do contrário, os resíduos de carbono favorecerão a formação de borra que pode provocar obstrução no sistema além da deficiência na lubrificação ocasionada pela decomposição.
- Floculação: a cera contida nos lubrificantes possui tendência a precipitar-se quando submetida a baixas temperaturas (floculação). Os flocos de cera podem depositar-se no elemento de controle de fluxo, obstruindo a passagem do refrigerante, ou depositar-se no evaporador, diminuindo a transferência de calor. Portanto, os lubrificantes não devem apresentar floculação em temperaturas encontradas normalmente no sistema de refrigeração.
- Umidade: o óleo para refrigeração deve possuir teor de umidade inferior ou igual ao especificado pelo fabricante, a fim de evitar formação de sedimentos, ácidos ou mesmo congelamento da umidade no interior do sistema.
Nota: Estas características e outras (ponto de fluidez, resistência dielétrica, ponto de fulgor, ponto de combustão, cor, resistência oxidação, separação de fase) podem ser checadas em testes específicos de laboratório.
![O óleo capella é muito conhecido na refrigeração](https://refrigeracao.net/wp-content/uploads/2018/07/oleo_capella_68.jpg)
Compatibilidade do óleo lubrificante com os gases e fluídos refrigerantes
Hoje existem muito mais fluídos refrigerantes do que há poucos anos atrás. É normal que um técnico tenha dúvida entre qual óleo é compatível com um determinado fluído. E o erro aqui pode custar caro, chegando a causar a perda do compressor!
Usar um óleo inadequado para o fluído refrigerante pode ocasionar:
- Formação de ácidos que atacarão o verniz do compressor;
- Corrosão
- Lubrificação inadequada
- Carbonização do óleo
Tabela de compatibilidade óleo lubrificante x fluído refrigerante
Fluído Refrigerante | Óleo mineral | Alquilbenzeno | Poliol éster | Polialquil glicol |
HCFCs: R22, R401 A/B, R402 A/B, R403B, R408 A/B, R409 A/B |
Sim |
Sim |
Não |
Não |
R134a, R404A, R407A/C/F, R410A, R507A |
Não |
Não |
Sim |
Não |
HFCs*: R417A, R422A/D, R424A, R427A, R428A, R434A, R437A, R438A |
Sim* |
Sim* |
Sim |
Não |
Amônia: R717 |
Depende do tipo de sistema |
|||
CO2: R744 |
Não |
Nao |
Sim |
Sim |
Hidrocarbonetos: R290, R600a |
Sim |
Sim |
Sim |
Não |
*HFCs utilizados para substituição de HCFCs em retrofits. Esse fluídos refrigerantes operam melhor com poliol éster, mas foram projetados para uso também com óleos minerais e alquilbenzeno
Viscosidade do óleo lubrificante
Além de ser compatível com o fluído refrigerante, é necessário que o óleo lubrificante tenha viscosidade adequada.
Viscosidade é a resistência que um fluído oferece ao escoamento. Todos nós já percebemos um óleo mais espesso e outro mais fluído.
A numeração contida na nomenclatura do óleo permite saber se ele é mais ou menos viscoso: quanto menor o número menos viscoso o óleo é. Por exemplo, um óleo ISO 30 é menos viscoso do que um ISO 50.
De uma maneira geral, óleos com maior viscosidade proporcionam boa lubrificação. No entanto, como a viscosidade gera resistência, fazem o equipamento gastar mais energia. Os óleos viscosos são indicados principalmente para aplicação em locais onde há mais folga entre as partes que se deseja lubrificar.
Na refrigeração, a tendência é utilizar óleos com viscosidade cada vez menor devido a uma maior preocupação com o custo da energia.
Dicas sobre a quantidade de óleo lubrificante em um sistema de refrigeração
- A quantidade de óleo não pode ser maior nem menor do que o especificado. O excesso de óleo também causa problemas em outros componentes e gera maior resistência, aumentando a temperatura, o desgaste e o gasto de energia;
- Em caso de troca do compressor, é necessário limpar o sistema, para não haver mistura de óleo do compressor novo com o do antigo.